domingo, 12 de abril de 2009

Contexto Histórico:

O naturalismo é uma analise mais profunda do realismo, essa nova escola literária baseava-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. O Naturalismo deu os primeiros passos do pensamento Teórico evolucionista. Os romances naturalistas se destacam pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava a transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana. Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes, impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como o homossexualismo, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços de sua natureza animal.Aluísio Azevedo com a obra O mulato, publicado em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência.Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista, nessa obra o indivíduo é envolvido pelo meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das raças, a explosão da sexualidade, a violência e a exploração do homem.


Período Literário: Características e temas predominantes.

* As principais características do realismo são: objetividade, racionalismo, texto cuidadoso e objetivo, engajamento (a arte quer modificar uma realidade injusta), critica aos valores religiosos e burgueses e ao monarquismo.
* O retrato que os realistas fazem da sociedade é objetivo e implacável. Realizam uma analise psicológica dos personagens, por vezes muito profundas.
* Os autores naturalistas levam os princípios realistas ao estremo. Sua abordagem do homem e da sociedade pode ser chamada de biológica: mostra o ser humano condicionado por patologias, taras e impulsos biológicos, alem de conduzido pelo papel que a sociedade lhe dá.
* Reúne-se no cortiço uma população muito baixa e miserável; que vivem em um ambiente pobre, degradado; onde são muitas vezes comparados a animais pelo seu comportamento.
Temas predominantes:
- Homossexualismo;
- Traição;
- Adultério;
- Prostituição;
- Exploração do homem.


Consideração sobre o autor:

Aluisio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu no dia 14 de abril de 1857 em São Luiz no Maranhão. Filho de David Gonçalves de Azevedo e Emília Amélia Pinto de Magalhães.
Desde Jovem se dedicou ao desenho, gostava muito de caricaturas e pintura.
Em 1876 ele viajou para o Rio de Janeiro, para estudar Belas Artes, desde então ele se sustentava com seus desenhos para os jornais. Mas em 1879 teve que voltar para o Maranhão, pois seu pai havia morrido.
E finalmente em 1879 publica seu primeiro romance “Uma lagrima de mulher” que inicia sua careira, e logo após em 1881 publica “O mulato” obra que provocou grande espanto na sociedade, pois nessa obra ele descrevia com palavras fortes a questão racial.
Ele era um autor que não tinha medo de expressar sua revolta contra a sociedade, com suas leis, e com suas desigualdades.
Resolve voltar para o Rio de Janeiro, onde passa a se dedicar integralmente à atividade de escritor, publicando até 1895 uma grande quantidade de romances, dos quais se destacam “A casa de pensão” (1884) e “O Cortiço”(1890), considerado o ponto alto de sua obra.
Tornou-se diplomata e desde então não escreveu mais seus romances.
Em 21 de Janeiro de 1913 veio a falecer em Buenos Aires, aos 56 anos de idade.

domingo, 22 de março de 2009

Resumos da obra "O cortiço"

4 - Resumo do grupo:
O Cortiço era o sonho de um pequeno comerciante, chamado João Romão que não tinha nenhum escrúpulo.
Ele herdou uma obscura e suja venda, que se localizava no bairro do Botafogo. Tinha como sua vizinha Bertoleza, uma crioula que havia fugido de seu dono, um velho cego que morava em Juiz de Fora, agora estava morando com um português, que fazia fretes na cidade com sua carroça de mão, ela era a quitandeira mais bem-afreguezada do bairro, pagava a seu dono vinte mil reis por mês para conseguir a sua carta de alforria. Certo dia seu amigo português depois de muito trabalhar não resistiu e veio a falecer.
João Romão mostrou um grande interesse na desgraça de Bertoleza fez-se participante de seu sofrimento assim aproveitando-se dela. Bertoleza muito ingênua confiou-lhe todas as suas economias.
De agora em diante João Romão era o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. Passando algum tempo João Romão propôs-lhe morarem juntos e ela prontamente concordou.
Após um ano de economias, arrematou um terreno atrás de sua venda, onde construiu três casinhas. A maioria dos materiais de construção que ele utilizou para construí-las ele e Bertoleza roubavam das construções vizinhas.
Estas três casinhas de fato, tão engenhosamente construídas, foram o ponto de partida, do grande cortiço de São Romão. E o tempo ia passando e o cortiço crescendo, mas este crescimento era fruto de vários furtos que João Romão cometia.
E com o lucro que adquiria em cima dos alugueis das casinhas, ele realizou mais um sonho, comprou a pedreira vizinha.
Havia um sobrado a direita da venda separado apenas por alguns metros. Quem comprou o sobrado foi tal de Miranda, português dono de uma loja de atacado, sua esposa se chamava Estela que era muito infiel, tinha também uma filha, Zulmira, que era desprezada por ambos.
Miranda mudou-se para o bairro do Botafogo para afastar sua mulher de seus clientes, pois ela não se continha e os seduzia. Miranda queria comprar o terreno atrás de sua casa, que era de João Romão, pois achava seu quintal muito pequeno, mas João Romão não quis vendê-lo.
O tempo foi passando e o cortiço prosperando e as intrigas entre João Romão e Miranda continuavam. Certo dia no cortiço, Jerônimo um português que já há dois anos morava no Brasil, veio a João Romão, para pedir-lhe um emprego e depois de muita conversa João Romão o contratou para trabalhar em sua pedreira, com as seguintes condições de que ele viesse morar no cortiço e comprasse em sua venda. Então Jerônimo e sua esposa Piedade vieram morar no cortiço e sua filha ficara numa escola.
Mas as festas que ocorriam no cortiço não lhe agradavam muito. Porem certo dia Jerônimo estava a admirar uma festa na janela, e viu Rita Baiana, uma bela mulata a dançar e logo se encantou por sua beleza e começou a se interessar pelas festas.
Miranda recebeu o titulo de Barão e promoveu uma festa na qual convidou João Romão, e desse dia em diante eles começaram a se falar de novo.
Rita Baiana tinha um amante chamado Firmo que gostava muito dela e não queria que ela se engraçasse com ninguém, mas era tarde de mais, ela já estava seduzida por Jerônimo, e certo dia ele descobriu, e eles brigaram e Jerônimo foi ferido na barriga por uma navalha, que Firmo tinha escondida. Após esse acontecimento Firmo foi expulso do cortiço São Romão e foi morar em outro cortiço chamado “cabeça de gato” e por isso ameaçou Jerônimo de morte, porém Jerônimo foi mais esperto e armou uma cilada para Firmo e o matou.
Os amigos de Firmo do cortiço vizinho indignados com a morte do amigo foram até o cortiço atrás Jerônimo e começaram uma grande briga que resultou no incêndio do cortiço São Romão, nisso Rita Baiana e Jerônimo fugiram.
Felizmente João Romão tinha feito um seguro para o cortiço que cobriu todas as despesas e ainda com toda a desgraça ele consegui embolsar muito dinheiro.
Bertoleza já estava cansada de dar todas suas economias para João Romão, então decidiu perguntar a ele quando poderia retirar sua carta de alforria. João Romão então decidiu falsificar uma carta para ela, mas ela ainda continuou a morar com ele.
Depois que João Romão ficou mais rico ele pensava em ter uma esposa, e estava bem interessado na filha de Miranda, a moça Zulmira, mas para ele se casar com ela a escrava Bertoleza não poderia mais morar com ele, então ele foi a procura de seu dono. Dias depois chegaram os homens para buscar Bertoleza que não gostava de seu antigo dono, então antes dos guardas a levarem, ela se matou com uma facada na barriga. Logo após o acontecido parou em frente ao armazém uma comissão de abolicionistas, que traziam para João Romão o diploma de sócio benemérito.
Então João Romão casou-se com Zulmira e o cortiço passou a se chamar Avenida São Romão.

quinta-feira, 19 de março de 2009

3 - Retirado do livro didático:
João Romão, imigrante português ambicioso e sem escrúpulos, logo se torna proprietário de uma taverna. Aproveita o terreno dos fundos para construir um cortiço, comprando mais tarde a pedreira vizinha. João Romão vive amigado com Bertoleza, escrava cujo proprietário havia-se mudado do Rio de Janeiro.
Ao juntar dinheiro suficiente para a sua alforria, Bertoleza o entrega a João Romão, que forja uma carta de alforria grosseiramente falsificada.
Vivendo em função de sua ambição desmedida, João Romão tem por rival o português Miranda, morador do sobrado ao lado da taverna, que deseja conter a expansão do cortiço. Miranda enriquecera casando-se com Estela, rica herdeira de lojas de tecidos. Têm uma única filha, Zulmira, desprezada por ambos.
A grande personagem do livro o cortiço, que parece ter vida própria. As moradias vão-se multiplicando, acolhendo principalmente trabalhadores da pedreira e lavadeiras. Em pouco tempo, são noventa e cinco casinhas.
Dentre os moradores, destaca-se uma verdadeira galeria de personagens como: Rita Baiana, sensual, atraente e solidária, porém pouco responsável no trabalho de lavadeira; D. Isabel, velha senhora empobrecida que mora com a filha Pombinha, jovem inteligente e sensível, que redige as cartas aos moradores; Jerônimo e Piedade, casal de portugueses cuja única filha ficara num internato.
Desenrolaram-se várias tramas paralelas: apaixonado perdidamente por Rita Baiana, Jerônimo deixa piedade, briga com o Firmo, ex-namorado de Rita, e acaba por assassiná-lo; Piedade entra em um estado lastimável de decadência física e moral. Pombinha é seduzida por sua madrinha Léonie, prostituta de luxo que cultiva uma amizade de longa data com D. Isabel; casa-se com João Costa, seu noivo há muito tempo, mas abandona o marido para viver com Léonie.
Chegam novos inquilinos o tempo todo e o cortiço “São Romão” não para de crescer. Seus moradores, apelidados de “carapicus”, entram em uma briga contra os moradores de outro cortiço, o ‘cabeça-de-gato“.
Mesmo quando o incêndio praticamente destrói o ‘São Romão”, João Romão sai ganhando: recebe o prêmio do seguro e ainda consegue, na confusão, furtar as economias de um velho inquilino doente que, sem socorro, afinal morre queimado. Finalmente rico, João Romão quer outra posição. Faz as pazes com Miranda, que lhe promete a mãe de Zulmira. Mas ele precisa livrar-se da fiel Bertoleza. Procura então os filhos do ex-dono da escrava e, quando estes vêm busca-la, ela descobre que havia enganada e se suicida.

Fonte: Pereira, Helena Bonito. Literatura, volume único, São Pulo: FTD, 2000. Pg.: 251 e 252.
2 - Retirado da internet:
Um homem qualquer, trabalhador e muito economizador adquire fortuna, amiga-se a uma negra de um cego e sente cada vez mais sede de riqueza. Arranja confusões com um novo vizinho (Miranda) ao disputar palmos de terra. Chega a roubar para construir o que tanto almejava: um cortiço com casinhas e tinas para lavadeiras. Prosperou em seu projeto. João invejava seu vizinho. Veio morar na casa de Miranda, Henrique, acadêmico de medicina, a fim de terminar os estudos. Nessa casa, além de escravos e sua família morava um senhor parasita (Botelho, ex-empregado). Estela (esposa de Miranda) andava se "escovando" com o Henrique, porém acabaram sendo flagrados pelo velho Botelho. O cotidiano da vida no cortiço ia de acordo com a rotina e a realidade de seus moradores, onde lavadeiras eram o tipo mais comum. Jerônimo (português, alto, 35 a 40 anos), foi conversar com João oferecendo-lhe serviços para a sua pedreira. Com custo, depois de prosearem bastante, João aceitou a proposta, com a condição dele morar no cortiço e comprar em sua venda. A mudança de Jerônimo e Piedade se sucedeu sob comentários e cochichos das lavadeiras. Após alguns meses eles foram conquistando a total confiança de todos, por serem sinceros , sérios e respeitáveis. Tinham vida simples e sua filhinha estudava num internato. No domingo todos vestem a melhor roupa e se reúnem para jantar, dançar, festejar, tudo muito a vontade. Depois de três meses Rita Baiana volta. Nessas reuniões sobressaia o "Choro", muito bem representado pela Baiana e seu amante Firmo. Toda aquela agilidade na dança deixara Jerônimo admirado ao ponto de perder a noite em claro pensando na mulata. Pombinha tirava esses dias para escrever cartas. Henrique entretia-se a olhar Leocádia, que em troca de um coelho satisfez sua vontade física(transa), quando foram pegos por Bruno(seu marido), que bateu na mesma e despejou-a de sua casa depois de fazer um baita escândalo. Jerônimo mudou seus costumes, brigava com sua esposa e a cada dia mais se afeiçoava pela mulata Rita. Firmo sentia-se enciumado. Florinda engravidou de Domingos (caixeiro da venda de João Romão), o mesmo foi obrigado a casar-se ou fornecer dotes. Foi aquele rebuliço em todo cortiço, nada mais falavam além disso, Florinda viu-se obrigada a fugir de casa. Léonie(prostituta alto nível) aparece emperiquitada com sua afilhada Juju, todos admiravam quanta riqueza, mas nem por isso deixaram sua amizade de lado. Léonie era muito amiga de Pombinha. Na casa de Miranda era uma festa só! Ele havia sido agraciado com o título de Barão do Freixal pelo governo português. João indagava-se, por não ter desfrutado os prazeres da vida, ficando só a economizar. Diante de tal injúria, com muito mau humor implicava com tudo e todos do cortiço. Fez despejar na rua todos os pertences de Marciana. Acusou-a de vagabunda, acabando ela na cadeia. A festa do Miranda esquentava e João recebeu convite para ir lá, o que o deixou ainda mais injuriado. O forró no cortiço começou, porém briga feia se travou entre Jerônimo e Firmo. Barricada impedia a polícia entrar, o incêndio no 12 fez subir grande desespero, era um corre-corre, polícia, acidentados (Jerônimo levou uma navalhada) e para finalizar caiu uma baita chuva. João foi chamado a depor, muitos do cortiço o seguiram até a delegacia, como em mutirão. Rita incansavelmente cuidava do enfermo Jerônimo dia e noite. No cortiço nada se dizia a respeito dos culpados e vítimas. Piedade não se agüentava chorando muito descontente e desesperada por seu marido acidentado. Firmo não mais entrava por lá, ameaçado por João Romão de ser entregue a polícia. Pombinha amanheceu indisposta decorrente da visita feita no dia anterior à Léonie. Esta, como era de seu costume, atracou Pombinha em beijos e afagos, pois era além de prostituta, lésbica. Isso deixara a menina traumatizada, que por força e insistência de sua mãe, saiu a dar voltas atrás do cortiço, onde cochilou, sonhou e ao acordar virou mulher. A festa se fez por D. Isabel, ao saber de tão esperada notícia. Estava Pombinha a preparar seu enxoval quando Bruno chegou e lhe pediu que escrevesse uma carta a Leocádia. Ele chorava... Ela, ao ver a reação de submissão dele, desfrutava sua nova sensação de posse do domínio feminino. Imaginava furtivamente a vida de todos, pois sua escrivaninha servia de confessionário. Via em seu viver que tudo aquilo continuaria, pois não haviam homens dignos que merecessem seu amor e respeito. Pombinha, mesmo incerta, casa-se com o Costa, foi grande a comoção no cortiço. Surgiu um novo cortiço ali perto, o "Cabeça de Gato". A rivalidade com o cortiço de João Romão foi criada. Firmo hospedou-se lá, tendo ainda mais motivos contra Jerônimo. João, satisfeito com sua segurança sobre os hóspedes, investia agora em seu visual e cultura, com roupas, danças, leituras e uma amizade com Miranda e o velho Botelho. Ele e o velho estavam tramando coisa com a filha do Barão. Fez-se um jantar no qual João foi todo emperiquitado. João naquele momento de auge em sua vida, via-se numa situação em que necessitava livrar-se da negra, chegou a pensar em sua morte. Sem nem mesmo repousar após sua alta do hospital, Jerônimo foi conversar com Zé Carlos e Pataca a respeito do extermínio do Firmo. O dia corria, João proseava com Zulmira na janela da casa de Miranda, sentindo- se familiarizado. Jerônimo foi realizar seu plano encontrando-se com os outros dois no Garnisé (bar em frente ao cemitério). Pataca entrou no bar, encontrou por acaso com Florinda, que se ajeitara na vida e dera-lhe notícia que sua mãe parara num hospício. Firmo aparece e Pataca o faz sair até a praia com pretexto de Rita estar lá. Muito chapado seguiu-o. Lá os três treteiros espancaram-lhe e lançaram-lhe ao mar. Chovia muito e ao ir para casa, Jerônimo desiste e se dirige à casa da Rita. O encontro foi efervescente por ambas as partes. Tudo estava resolvido, fugiriam no dia seguinte. Piedade, ao passar das horas, mais desesperada ficava. Ao amanhecer do dia chorava aos prantos e no cortiço nada mais se ouvia senão comentários sobre o sumiço do Jerônimo. A morte de Firmo já rolava solta no cortiço. Rita encontrava-se com Jerônimo. Ele, sonhando começar vida nova, escreve logo ao vendeiro despedindo-se do emprego, e à mulher constando-lhe do acontecido e prometendo-lhe somente pagar o colégio da garota. Piedade e Rita se atracaram no momento em que a mulata saía de mudança, o cortiço todo e mais pessoas que surgiram, entraram na briga. Foi um tremendo alvoroço, acabara sendo uma disputa nacional (Portugueses x Brasileiros). Nem a polícia teve coragem de entrar sem reforço. Os Cabeças de Gato também entraram na briga. Travou-se a guerra, a luta dos capoeiristas rivais aumentava progressivamente quando o incêndio no 88 desatou, ensangüentando o ar. A causa foi a mesma anterior, por um desejo maquiavélico, a velha considerada bruxa incendiou sua casa, onde morreu queimada e soterrada, rindo ébria de satisfação. Com todo alvoroço, surgia água de todos os lados e só se pôs fim na situação quando os bombeiros, vistos como heróis, chegaram. O velho Libório (mendigo hospedado num canto do cortiço) ia fugindo em meio a confusão, mas João o seguiu. Estava o velho com oito garrafas cheias de notas de vários valores, essas que João roubou e fugiu, deixando-o arder em brasas. Morrera naquele incêndio a Bruxa, o Libório e a filhinha da Augusta além de muitos feridos. Para João o incêndio era visto como lucro, pois o cortiço estava no seguro, fazendo ele planos de expansão baseado no dinheiro do velho mendigo. Por conseqüências do incêndio Bruno foi parar no hospital, onde Leocádia foi visitá-lo ocorrendo assim a reconciliação de ambos. As reformas expandiram-se até o armazém e as mudanças no estilo de João também alcançavam um nível social cada vez mais alto. Com amizade fortificada junto ao Miranda e sua família, pediu a mão de Zulmira em casamento. Bertoleza, arrasada e acabada daquela vida, esperava dele somente abrigo em sua velhice, nada mais. Jerônimo abrasileirou-se de vez. Com todos costumes baianos deleitava-se a viver feliz com a mulata Rita. Piedade desolada de tristeza habituara-se a beber e começou a receber visitas aos domingos de sua filhinha (9 anos), que logo cativou todo o cortiço, crismada por todos como "Senhorinha". Acabados por desgraças da vida, Jerônimo e Piedade não mais guardavam rancor um do outro, ambos se estimavam e em comum possuíam somente a filha a cuidar. Jerônimo arrependia-se, mas não voltaria atrás. Deu-se a beber também. O cortiço não parecia mais o mesmo, agora calçado, iluminado e arrumado todo por igual. O sobrado do vendeiro também não ficara para trás nas reformas. Quem se destacou foi Albino (lavadeiro homossexual) com a arrumação de sua casa. A vida transcorria, novos moradores chegavam. Já não se lia sob a luz vermelha na porta do cortiço "Estalagem de São Romão", mas sim "Avenida São Romão". Já não se fazia o "Choradinho" e a "Cana-verde", a moda agora era o forrobodó em casa, e justo num desses em casa de das Dores, Piedade enchera a cara e Pataca é que lhe fizera companhia querendo agarrá-la depois de ouvir seus lamentos, mas a caninha surtiu efeito (vômito) e nada se sucedeu. João Romão não pregara os olhos a pensar no que fazer para dar um fim na crioula Bertoleza. Agostinho (filho da Augusta) sofrera acidente na pedreira, ficara totalmente estraçalhado. Foi aquele desespero no cortiço. Botelho foi falar a João logo cedo. Bertoleza ao ouvir, pôs-se respeito diante da situação e exigiu seus direitos, discutiram o assunto e nada resolveram. João se irritara e tivera a idéia de mandá-la de volta ao dono propondo esse serviço ao velho Botelho, que aliás recebia dele remuneração por tudo que lhe prestava. Em volta do desassossego e mau estar de João e Bertoleza o armazém prosperava de vento em poupa aumentando o nível dos clientes e das mercadorias. Sua Avenida agora era freqüentada por gente de porte mais fino como alfaiates, operários, artistas, etc. Florinda ainda de luto por sua mãe Marciana, estava envolvida agora com um despachante. A Machona (Augusta) quebrara o gênio depois da morte de Agostinho. Neném arrumara pretendente. Alexandre fora promovido à sargento. Pombinha juntara-se à Léonie e atirara-se ao mundo. De tanto desgosto, D. Isabel (mãe de Pombinha) morrera em uma casa de saúde. Piedade recebia ajuda da Pombinha para sobreviver, pois estimava Senhorinha, apesar de saber que o fim da pobre garotinha seria como o seu. Mesmo assim Piedade foi despejada indo refugiar-se no Cabeça de Gato, que tornara-se claramente um verdadeiro cortiço fluminense. Ocorreu um encontro em uma confeitaria na Rua do Ouvidor, entre a família do Miranda, o Botelho e o João Romão que puseram-se a prosear. Na volta, seguindo em direção ao Largo São Francisco, João e Botelho optaram em ficar na cidade a conversar sobre o fim que se daria a crioula. Estava tudo certo, seu dono iria buscá-la junto á polícia. Quando isso sucedeu-se, ao ver-se sem saída, impetuosa a fugir, com a mesma faca que descamava e limpava peixes para o João, Bertoleza rasgou seu ventre fora a fora. Naquele mesmo instante João Romão recebera um diploma de sócio benemérito da comissão abolicionista.
Fonte:
http://www.mundocultural.com.br/resumos/ocortico.htm
1 - Retirado da internet:
João Romão, português, tem como principal objetivo na vida enriquecer a qualquer custo. Ambicioso ao extremo, não mede esforços, sacrificando até a si mesmo. Veste-se mal. Dorme no mesmo balcão em que trabalha. Das verduras de sua horta, come as piores, e o resto vende.
Mas sua ascensão não se vai basear apenas na autoflagelação. Explora descaradamente o próximo. O vinho que vende aos seus clientes é diluído em água (fica aqui nas entrelinhas a idéia de que o brasileiro está destinado a ser explorado pelo estrangeiro). Mas o mais sintomático de seu caráter está na sua relação com Bertoleza.
Era essa uma escrava que ganhava a vida vendendo peixe frito diante da venda de João Romão. Os dois tornam-se amantes. Ele aproveita as economias dela e, mentindo que havia comprado a sua carta de alforria, investe em seus próprios negócios, construindo três casinhas, imediatamente alugadas.
Com o tempo, de três chegam a 99 casinhas (na realidade, o progresso é devido não só ao tempo. Há também o dinheiro dos aluguéis que vai sendo investindo, numa postura claramente capitalista, e também o furto que João Romão e sua amante vão realizando do material de construção dos vizinhos), tornando-se o Cortiço São Romão. No primeiro aspecto, as condições do meio – água à vontade – permitiu que a moradia coletiva se desenvolvesse.
Nesse lugar, encontramos inúmeras figuras, cada uma representando um mergulho nas diferentes taras (o enfoque das patologias sexuais, apresentando o homem com um prisioneiro dos instintos carnais – bem longe da imagem idealizada de racionalidade e nobreza – é uma das predileções do Naturalismo) e facetas da decadência humana.
Há vários exemplos, como Neném, adolescente negra de libido explosiva que acaba perdendo a virgindade nas mãos de um empregado de João Romão. Cai na vida. Existe também Albino, de tendências homossexuais, Botelho, homem corroído pelas hemorróidas e pelo pior tipo de materialismo – o alimentado pela cobiça de quem não tem nada. Pombinha, moça afilhada da prostituta Léonie, que é responsável também por sua iniciação sexual. A menina é noiva de João da Costa. Seu casamento seria a garantia de saída daquela moradia pobre. Mas sua mãe tinha escrúpulos que adiavam o casamento: enquanto a filha não se tornasse mulher – ou seja, tivesse sua primeira menstruação – não podia casar-se. No entanto, a menarca estava por demais atrasada, o que se transformava num drama acompanhado pelos moradores do cortiço, que a tratavam como a flor mais preciosa. Enquanto não tem sua primeira menstruação, é menina pura. Tanto que, uma das poucas alfabetizadas e dotadas de tempo ocioso, dedica-se a ler e a escrever as cartas dos diversos moradores do cortiço, entrando em contato com a podridão das paixões humanas. Mas isso não macula sua inocência até o momento em que, mulher – ou seja, já capaz de menstruar e, portanto, cumprir seu papel biológico de reprodução –, adquire maturidade para entender o que se passa entre aquela multidão de machos e de fêmeas. No fim, vira lésbica e cai na vida, principalmente por influência de sua iniciadora, Léonie (outra leitura interessante que se pode fazer em O Cortiço é captar o destino a que é submetida a mulher. Ou se torna objeto do homem, ou sabe seduzir, de objeto tornando-se sujeito, ou despreza-o totalmente. Qualquer uma dessas posições é, na óptica da obra, degradante).
Mas a mais famosa personagem é a mulata Rita Baiana. Voltando de uma temporada com seu mais novo namorado, Firmo. Ela representa a explosão de sensualidade de um tipo brasileiro, como é adorada pelos homens, mulheres e crianças do cortiço, seu retorno é marcado por imensa festa. É nesse momento que acaba encantando o coração de Jerônimo, português recém-chegado à moradia, que viera para trabalhar na pedreira de João Romão. Sua paixão faz com que se abrasileire imediatamente. Perde o vigor típico de sua raça para o trabalho. Passa até a gostar de nossa bebida e comida. Sua paixão vai esbarrar nos brios de Firmo, que chega a se desentender com o português. Num golpe de capoeira, rasga a barriga do estrangeiro com uma navalha. Situação crítica, passa a morar num outro cortiço na mesma rua, apelidado de Cabeça de Gato.
A situação piora quando Jerônimo manda matar a pauladas o seu rival. Enquanto foge com Rita Baiana (abandonando descaradamente sua esposa), as duas moradias mergulham num conflito. O Cortiço São Romão sofre a invasão dos moradores do Cabeça de Gato, que só é interrompida por causa de um incêndio que eclode.
Facilmente João Romão, rico, refaz o seu cortiço. Aliás, está com outros planos: quer subir o nível de seus moradores. É um reflexo de seu desejo: quer aceitação social. Para tanto, além de ativar uma vida social, sonha em se casar com a filha de seu vizinho, Zulmira.
Miranda nobre morador era também português, há mais tempo estabelecido no Brasil. Havia-se mudado para a periferia na vã esperança de que, longe do Centro, sua esposa iria deixar de traí-lo. Inútil. Estela era obcecada por sexo, fazendo-o indiscriminadamente com os empregados e até com gente mais jovem, como Henriquinho, moleque que fora hospedado pelo marido. Fazia-o até com o marido, mesmo brigados. De noite, os dois entregavam-se aos instintos; de dia, nem se falavam, Miranda enxergava João Romão como inimigo provavelmente porque, além de estar com inveja de seu enriquecimento volumoso, sentia-se incomodado com aquela gentalha agitada grudada nos fundos de sua casa. No entanto, entra em acordo de interesses com seu agora ex-inimigo. Miranda tem a nobreza de que João Romão necessita. João Romão tem o dinheiro de que Miranda necessita. Nada mais conveniente do que a união de famílias.
O problema era Bertoleza. Sem o mínimo escrúpulo, João Romão denuncia aos herdeiros do antigo dono dela o paradeiro dessa escrava fugida. Só que ele não contava que ela, quando da visão dos soldados, fosse rasgar sua própria barriga com a mesma faca com que tratava peixe, estrebuchando como uma anta até morrer. Ironicamente, assim que essa espantosa cena se desenrola, pára diante da casa de João Romão uma carruagem. Dela descem pessoas que vinham entregar uma homenagem ao protagonista, por ter-se mostrado um homem preocupado com a situação do negro e a causa abolicionista.