quinta-feira, 19 de março de 2009

1 - Retirado da internet:
João Romão, português, tem como principal objetivo na vida enriquecer a qualquer custo. Ambicioso ao extremo, não mede esforços, sacrificando até a si mesmo. Veste-se mal. Dorme no mesmo balcão em que trabalha. Das verduras de sua horta, come as piores, e o resto vende.
Mas sua ascensão não se vai basear apenas na autoflagelação. Explora descaradamente o próximo. O vinho que vende aos seus clientes é diluído em água (fica aqui nas entrelinhas a idéia de que o brasileiro está destinado a ser explorado pelo estrangeiro). Mas o mais sintomático de seu caráter está na sua relação com Bertoleza.
Era essa uma escrava que ganhava a vida vendendo peixe frito diante da venda de João Romão. Os dois tornam-se amantes. Ele aproveita as economias dela e, mentindo que havia comprado a sua carta de alforria, investe em seus próprios negócios, construindo três casinhas, imediatamente alugadas.
Com o tempo, de três chegam a 99 casinhas (na realidade, o progresso é devido não só ao tempo. Há também o dinheiro dos aluguéis que vai sendo investindo, numa postura claramente capitalista, e também o furto que João Romão e sua amante vão realizando do material de construção dos vizinhos), tornando-se o Cortiço São Romão. No primeiro aspecto, as condições do meio – água à vontade – permitiu que a moradia coletiva se desenvolvesse.
Nesse lugar, encontramos inúmeras figuras, cada uma representando um mergulho nas diferentes taras (o enfoque das patologias sexuais, apresentando o homem com um prisioneiro dos instintos carnais – bem longe da imagem idealizada de racionalidade e nobreza – é uma das predileções do Naturalismo) e facetas da decadência humana.
Há vários exemplos, como Neném, adolescente negra de libido explosiva que acaba perdendo a virgindade nas mãos de um empregado de João Romão. Cai na vida. Existe também Albino, de tendências homossexuais, Botelho, homem corroído pelas hemorróidas e pelo pior tipo de materialismo – o alimentado pela cobiça de quem não tem nada. Pombinha, moça afilhada da prostituta Léonie, que é responsável também por sua iniciação sexual. A menina é noiva de João da Costa. Seu casamento seria a garantia de saída daquela moradia pobre. Mas sua mãe tinha escrúpulos que adiavam o casamento: enquanto a filha não se tornasse mulher – ou seja, tivesse sua primeira menstruação – não podia casar-se. No entanto, a menarca estava por demais atrasada, o que se transformava num drama acompanhado pelos moradores do cortiço, que a tratavam como a flor mais preciosa. Enquanto não tem sua primeira menstruação, é menina pura. Tanto que, uma das poucas alfabetizadas e dotadas de tempo ocioso, dedica-se a ler e a escrever as cartas dos diversos moradores do cortiço, entrando em contato com a podridão das paixões humanas. Mas isso não macula sua inocência até o momento em que, mulher – ou seja, já capaz de menstruar e, portanto, cumprir seu papel biológico de reprodução –, adquire maturidade para entender o que se passa entre aquela multidão de machos e de fêmeas. No fim, vira lésbica e cai na vida, principalmente por influência de sua iniciadora, Léonie (outra leitura interessante que se pode fazer em O Cortiço é captar o destino a que é submetida a mulher. Ou se torna objeto do homem, ou sabe seduzir, de objeto tornando-se sujeito, ou despreza-o totalmente. Qualquer uma dessas posições é, na óptica da obra, degradante).
Mas a mais famosa personagem é a mulata Rita Baiana. Voltando de uma temporada com seu mais novo namorado, Firmo. Ela representa a explosão de sensualidade de um tipo brasileiro, como é adorada pelos homens, mulheres e crianças do cortiço, seu retorno é marcado por imensa festa. É nesse momento que acaba encantando o coração de Jerônimo, português recém-chegado à moradia, que viera para trabalhar na pedreira de João Romão. Sua paixão faz com que se abrasileire imediatamente. Perde o vigor típico de sua raça para o trabalho. Passa até a gostar de nossa bebida e comida. Sua paixão vai esbarrar nos brios de Firmo, que chega a se desentender com o português. Num golpe de capoeira, rasga a barriga do estrangeiro com uma navalha. Situação crítica, passa a morar num outro cortiço na mesma rua, apelidado de Cabeça de Gato.
A situação piora quando Jerônimo manda matar a pauladas o seu rival. Enquanto foge com Rita Baiana (abandonando descaradamente sua esposa), as duas moradias mergulham num conflito. O Cortiço São Romão sofre a invasão dos moradores do Cabeça de Gato, que só é interrompida por causa de um incêndio que eclode.
Facilmente João Romão, rico, refaz o seu cortiço. Aliás, está com outros planos: quer subir o nível de seus moradores. É um reflexo de seu desejo: quer aceitação social. Para tanto, além de ativar uma vida social, sonha em se casar com a filha de seu vizinho, Zulmira.
Miranda nobre morador era também português, há mais tempo estabelecido no Brasil. Havia-se mudado para a periferia na vã esperança de que, longe do Centro, sua esposa iria deixar de traí-lo. Inútil. Estela era obcecada por sexo, fazendo-o indiscriminadamente com os empregados e até com gente mais jovem, como Henriquinho, moleque que fora hospedado pelo marido. Fazia-o até com o marido, mesmo brigados. De noite, os dois entregavam-se aos instintos; de dia, nem se falavam, Miranda enxergava João Romão como inimigo provavelmente porque, além de estar com inveja de seu enriquecimento volumoso, sentia-se incomodado com aquela gentalha agitada grudada nos fundos de sua casa. No entanto, entra em acordo de interesses com seu agora ex-inimigo. Miranda tem a nobreza de que João Romão necessita. João Romão tem o dinheiro de que Miranda necessita. Nada mais conveniente do que a união de famílias.
O problema era Bertoleza. Sem o mínimo escrúpulo, João Romão denuncia aos herdeiros do antigo dono dela o paradeiro dessa escrava fugida. Só que ele não contava que ela, quando da visão dos soldados, fosse rasgar sua própria barriga com a mesma faca com que tratava peixe, estrebuchando como uma anta até morrer. Ironicamente, assim que essa espantosa cena se desenrola, pára diante da casa de João Romão uma carruagem. Dela descem pessoas que vinham entregar uma homenagem ao protagonista, por ter-se mostrado um homem preocupado com a situação do negro e a causa abolicionista.

13 comentários:

  1. 1) Como você pode descrever a relação entre João Romão e Bertoleza?
    2) Morar no cortiço contribuia ou atrapalhava a vida dos personagens?
    3) Você acha que Rita Baiana foi um dos grandes centros dos alvoroços ocorridos no cortiço?

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  2. 1) Qual a influência da mulher de Miranda para o contexto da narrativa?

    2)O que o autor relata, principalmente, em O Cortiço?

    3)O que nos mostra o exemplo de Pombinha, personagem considerada a "flor do cortiço", que depois se prostitui?

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  3. 1- Como João Romão se tornou dono de uma taverna e quais seus objetivos?

    2- Porque João Romão tem por rival o português Miranda?

    3-Cite algumas características de João Romão?

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  4. Garotas da Literatura. Respostas:

    1 - A mulher de Miranda, D.Estela, teve grande influencia para que seu marido alcançasse o titulo de Barão do Freixal, pois o dinheiro q ele tinha era de uma herança que D.Estela tinha recebido.

    2 – Ele relata uma sociedade com suas desigualdades sociais e os vícios humanos, também destaca o destino de João Romão e de Jerônimo.

    3 – Nos mostra o que os autores dessa época como natural, ou seja, a menina pura ao conviver em um ambiente promiscuo e corrompido acaba mudando seus hábitos pela forte pressão do meio em vivem. Tornando- se uma prostituta, deixando de lado seus princípios.

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  5. Eta pontuação terrível que compromete o entendimento do resumo do gruopo!

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  6. "Bertoleza tinha uma certa gratidão por João Romão, pois ele havia a convidado para morar com ele e assim se tornaram amantes", ela é usurpada por João Romão, é usada como mula para carregar os roubos!!!

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  7. Como assim: "Em alguns aspectos eram positivos e em outros negativos, pois por mais conturbado que fosse a convivência entre eles era o único lugar onde podiam pagar"?

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  8. "Com certeza, pois ela fazia acontecer entrigas e confusões por onde passava, dançando e se insinuado a todos os homens que ali estavam". Entrigas?????????????????????????
    E o papel da mulata na narrativa como fica?

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  9. "Cite algumas características de João Romão?" Merece mais considerações na resposta!

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  10. Novas respostas sobre as perguntas do grupo André, Monique e Roberta:

    1 – Bertoleza tinha uma gratidão por João Romão, pois ele havia a ajudado quando ela mais precisou e a deu um teto para morar e com isso se tornaram amantes, mas o que Bertoleza não sabia era que ele a ajudava somente interesse, mas passado um tempo ela não servia mais então João Romão decidiu casar-se com Zulmira, mas para isso teria q dar um fim a sua vida com Bertoleza foi ai que a entregou para seu antigo dono, e foi quando Bertoleza viu que havia se enganado com João Romão.

    2 – De certa forma atrapalhava, pois as pessoas deveriam ter um lugar melhor para morar e criar seus filhos, por que muitas vezes as pessoas são influenciadas pelo meio em que vivem e num cortiço não podia ser diferente.

    3 – Com certeza, pois por causa de Rita Baiana que ocorreu a briga entre Firmo e Jerônimo desencadeando muitas situações como a morte de Firmo e o incêndio do cortiço.

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  11. Novas respostas sobre as perguntas do grupo Amantes da Literatura:

    1 – Ele trabalhava com um vendeiro, que deixou sua taverna de herança para João Romão, ele sempre foi muito trabalhador e tinha muitos sonhos e sempre teve muita perseverança para realiza-los. O maior deles era construir uma estalagem que acaba se tornado um cortiço e o outro era comprar a pedreira vizinha.

    2 – Eles se tornaram rivais porque João Romão tinha alguns metros de um terreno que dividia o cortiço do sobrado de Miranda, que deseja compra este terreno para aumentar seu quintal, mas João Romão não quis vendê-lo e desse esse momento eles se tornaram rivais, até que João Romão se casou com Zulmira e tudo mudou entre eles.

    3 – João Romão, português, muito ambicioso não mede esforços para enriquecer, interesseiro, e um tremendo vigarista, pois enganava a todos, mas ele também era um homem bastante trabalhador, porém sem nenhum escrúpulo, pois ele passava a perna em vários de seus fregueses, e até conseguiu desvirtuar Bertoleza fazendo com que ela o ajuda-se a furtar matéria de construção pela vizinhança.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Quais tracos naturalistas de Bertoleza, Rita Baiana, Joao Romão , Jerônimo, Pombinha,Firmo ??

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